O assunto deste artigo, além da sua relevância como um alerta para muitos diretores, foi-me instigado por um amigo a ser escrito, pois ele queria não só saber a minha impressão a respeito, mas conhecê-la através do meu dito humor mordaz, cuja diatribe sempre injeto em temas polêmicos ou quando muitos absurdos com ares acadêmicos são difundidos como panaceias para os gestores das empresas. Para satisfazê-lo e para exercitar um pouco a mente, coloco aqui este interessante tema.
O Diretor Executivo ou CEO (Chief Executive Officer) é uma figura funcional de relevância ímpar para as organizações, pois exerce atividades e toma decisões, cujos efeitos determinam o destino da companhia, para o bem ou para o mal. Em empresas privadas, principalmente sociedades de capital aberto, quando os resultados não são alcançados, o CEO pode ser trocado com mais facilidade, todavia, em empresas familiares ou sociedades com responsabilidade limitada, sendo ele o proprietário ou sócio majoritário, sua existência se torna quase uma eternidade e, nas pior das hipóteses, uma calamidade.
Por suas decisões terem uma importância sem igual, tornando-se a pedra angular que sustenta a companhia, cabe ao CEO a devida necessidade de se desviar de um dos sete pecados capitais, cuja essência pode levar ao debacle da organização: o orgulho, pois este está vinculado à vaidade, arrogância, soberba e presunção.
Quem não gosta de grandes desafios, principalmente aqueles que exercem atividades no topo da pirâmide hierárquica? Transitar com o queixo empinado pelo alto clero mexe com o ego da maioria, e o desafio de se manter prudente não é dos mais fáceis, principalmente quando se está trazendo resultados palpáveis e agradando seus pares ou acionistas. Fama e fortuna se aproximam rapidamente, extasiando a alma, deslumbrando seus autores. Vão se eliminando ambientes para contradições e, no pior dos casos, criam e destroem opositores.
Neste particular, nada pode ser mais nocivo, por mais paradoxal que pareça, do que o sucesso contundente no mundo dos negócios. O cuidado aqui é com a atração que um ambiente vitorioso exerce sobre a mente do CEO, capaz de inebriá-lo ao ponto de não perceber quais efeitos adversos podem surgir e impactar o negócio a médio e longo prazos, pois sucessos transitórios não devem ser confundidos com desempenho permanente.
O cargo de CEO é sagrado, mas não é maior do que a própria companhia, pois esta deve permanecer em existência mesmo após a passagem de muitos deles pelo comando. Aqui reside o cerne do meu artigo: a importância do legado e do sucesso a médio e longo prazo que o CEO construirá durante seu mandato. Isto é um ponto muito sutil, pois como é possível se manter importante e útil (e a cabeça sobre o pescoço), se a geração de riqueza não puder ser palpável enquanto ele estiver sentado em sua cadeira de chefe-supremo?
É justamente neste ponto onde muitos acabam descambando para ações que mais promoverão seu sucesso particular em detrimento das companhias que dirigem. A vaidade do cargo e os efeitos correlatos de ações que visam apenas resultados de curto prazo podem levar suas companhias ao fundo do poço, mas sem antes terem abocanhado fama, louros e muito dinheiro através de polpudos bônus por resultados.
A escola de Administração ensina que nenhum CEO pode tomar uma decisão radical ao ponto de que seu efeito possa arruinar definitivamente sua companhia. Gerir uma organização não pode ser fruto de se jogar uma moeda e ver se deu cara ou coroa.
Mesmo com muitos alertas, tanto aqui descritos quanto em centenas de orientações dos melhores pensadores, o sucesso empresarial magnetiza os mais desavisados, ao ponto de atrair um legião de apoiadores; uma súcia ávida por uma parte da bonança e que se propõe a avalizar quaisquer decisões, mais preocupada em participar da festa do que ver resultados que talvez nunca possa tocar. É uma espécie de rapinagem, fruto de quem somente espera a divisão do butim. Infelizmente, quando os propósitos residem em agradar unicamente seu ego, é bastante comum um CEO se deixar cercar por uma horda de bajuladores e repudiar e afastar aqueles que possam alertar sobre a importância do longo prazo. Aves de mesma pena voam juntas, e é justamente com essas penas que criam suas asas e voam para o alto, em direção ao sol, coladas com cera, cuja vida útil é tão longa quanto o sonho passageiro daqueles que se colocam acima do bem-estar da própria companhia.
Não se deixem enganar! O CEO anônimo que construiu a base de sucesso para o seu sucessor é o verdadeiro vencedor.
03.04.2023
https://www.linkedin.com/pulse/perigosa-vaidade-do-ceo-e-o-voo-de-%C3%ADcaro-andre-dytz/
Andre Dytz
I have a solid career as Executive C-Level and consultant, built in the last 37 years in Brazil, North America and Europe. I gained experience in organising companies, from small family firms to large international enterprises. Vast experience in the evaluation of corporate scenarios and strategic plans from varied industrial origins and service providers. Utmost background in management system standards and products certification.
Always working in leading positions, I am able to manage a large number of professionals, as well as prepare them for management and operational functions, defining strategies and setting operational objectives.
Acting as chief operating officer and chief executive officer (Last 22 years) or reporting directly to senior managers, I acquired the necessary experience to lead teams and organisations in the search for new clients and markets. Besides, I have actively participated, as a strategist, in the creation of marketing campaigns, business fairs searching for contacts, prospects and new markets, guiding sales teams and managing contracts.
Even during the analysis of business processes or industrial production (audits, diagnosis and suppliers' qualification), my activities have always been aligned with strategy and value creation.
I had the opportunity to teach countless professionals and prepare growth plans and teams development, both in the companies for which I worked or for those I advised as a consultant.
My profile is aligned with strategies, focused on pursuing market opportunities.
Moreover, my on-the-job experience has afforded me a well-rounded skill set, including first-rate multi-tasking and communication abilities, allowing me to excel at:
- Business organisation;
- Corporate strategies;
- Growth strategies;
- Turnaround management;
- Setting and managing strategic objectives;
- Strategic planning and management consultancy;
- Marketing and Sales management;
- Sales and new business forecast;
- Preparation of self-managed organisational teams;
- Investments and costs analysis;
- Masterly performance in management systems audits carried out on behalf of Certification Bodies (+10.000 Hours);
- Business in many languages (Deutsch, English, Español, Italiano, Português);
- Speaker;
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